Tac! Tac! Tec! Fazia a máquina de escrever dela.
O marido sentado no sofá lia um livro. —Não entendo porquê você escreve nesse treco! O computador não é mais fácil? - disse ele incomodado.
—Provavelmente sim amor, mas escrever não é fácil! Na máquina dá tempo para minha mente pensar antes de escrever, assim me sinto menos mecânica.
Tac, tec, tac! Continuava ela a todo vapor.
O marido sem conseguir se concentrar no livro observava com amor a esposa.
—Mas... olha o desperdício de papel. Se você errar, você não pode apagar. Você precisa começar tudo de novo! - falou ele.
—Mas assim, eu consigo observar meus erros. Sem eles, como eu poderia consertar o que está errado? Se eu simplesmente apagar, em algum momento posso voltar a cometer os mesmos erros. Sim, é um desperdício, mas pelo menos eu aprendo mais!
Tac, tac, tac, pling! A máquina parecia viva.
—Acho que não vamos ter folhas suficiente, você não se incomoda? - questionou o marido.
—Não preciso usar somente folhas novas, nós devemos ter algum papel velho ou usado. A gente não tem um monte de cadernos velhos? - disse ela inabalável pelos questionamentos do marido.
—É! Acho que a gente tem. - disse ele convencido, porém, admirado pela paixão da esposa.
Tac, tac, tac!
O marido reparou que a ela sorria enquanto escrevia.
—Sua história vai ter um final feliz? - indagou ele.
—Não sei exatamente ainda, provavelmente não!
—Por que você está sorrindo então?
—Porque minha protagonista decidiu ser feliz, independente do final que eu vou dar pra ela.
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