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Foto do escritorJe Fachini

Como lidar com tempos difíceis.


Uma calçada molhada pela chuva, com uma poça refletindo um prédio de São Paulo

Estou em quarentena há exatos oito dias. Muitos já estão trancafiados em casa há bem mais tempo, outros há menos. Alguns estão tranquilos usando o “tempo livre” para tirar antigos projetos do papel, outros estão apenas descansando. Mas, existem alguns que já estão à beira do colapso.

Reclusão social é algo delicado, principalmente para o brasileiro. O tocar, beijar, abraçar é algo inerente a nossa cultura. Faz parte de quem nós somos. Nunca foi tão difícil ver alguém e não poder se inclinar para dar aquele beijinho no rosto. Muitos, em tempos como esse, já perderam alguém especial, outros perderam a esperança.

Refletindo sobre mim, sobre o que o mundo tem vivido, lembrei que já passei por coisa pior. Reclusão de oito dias não é nada para alguém que passou quase oito anos em casa com depressão. Aquele tempo foi um tempo de reclusão social muito pior do que aquilo que estamos vivendo.

Em poucos momentos eu saía de casa, não tinha amigos e minha família era impotente diante daquilo que eu estava vivendo. Não adiantava, o que os outros falavam para mim, aquele era o fim. Alguns estão se sentindo assim hoje.

Eu sou testemunho vivo de que as coisas podem melhorar, mas sinceramente, espero que não volte ao normal. O normal estava nos prendendo em uma rede de indiferença, de distância social por pura e simples vontade.

Quem de nós não tem valorizado a oportunidade que tínhamos de sair de casa se quiséssemos? Um abraço apertado da avó ou avô? Aquele passeio descontraído com os amigos? Quem de nós não tem valorizado a comida, a cama confortável e uma casa segura?

O normal não deixa que valorizemos as pequenas coisas. O normal nos prende a inércia. O normal é o indiferente. O normal é medíocre!  Tempos difíceis como esse virão e eu acredito que serão ainda mais frequentes. Eu sei disso porque está escrito.

Mas não é tempo de medo, ou desespero. É TEMPO DE ESPERANÇA. De olhar para as coisas por outro ângulo. De valorizar e ser valorizado, de mudar aquilo que está errado e de correr atrás dos sonhos e vontades. Não é tempo de olhar para o umbigo. A solidariedade, a empatia e a compaixão estão apenas esperando.

Olhe para o tempo difícil, encare-o de frente. Ele vai passar....

... e eu estou aqui se você precisar...


Sinceramente Je

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