Há muito tempo eu luto comigo mesmo e com o meu processo de escrita. Escrever deixou de ser prazeroso, então eu parei. Mas, de tempos em tempos eu simplesmente me reconecto e "pá" tudo sai do papel.
Escritores famosos dirão que eu estou esperando estar inspirada para escrever e isso não é bom. Realmente, se eu fosse esperar pela minha "musa" eu dificilmente continuaria escrevendo. Mas não é isso.
Eu me lembro claramente do primeiro dia em que me sentei para escrever uma história. Nesse dia, eu decidi que um dia gostaria de publicar o que eu estava escrevendo.
Eu tinha acabado de me decepcionar com um menino que eu gostava muito. Me declarei, ele não correspondeu, e com o coração partido tive a ideia para o meu primeiro livro. Era madrugada, me levantei e liguei o computador recém desligado (eu costumava conversar com esse garoto por MSN), abri um arquivo de word e naquela noite escrevi minhas 3.000 primeiras palavras. Nos dias seguintes eu continuei, no fim daquela semana eu tinha 10.000 palavras e um coração consolado.
Escrever me ajudou a colocar as coisas em perspectiva e curou meu coraçãozinho machucado. Foi bem nessa fase que eu tinha recém criado o meu hábito de ler. Eu nunca foi uma leitora voraz, nunca fui muito incentivada neste aspecto durante a minha primeira infância. Mas nos livros encontrei uma companhia, um refúgio para a minha depressão. Ao ler, eu aprendi a escrever. Algumas autoras específicas até hoje tem a capacidade de, através dos livros delas, me fazer pular (de onde quer que eu esteja) e sentar em frente ao computador para escrever as minhas histórias.
Meus antigos blogs sobre livros eram o meu maior orgulho. Eles proporcionaram, primeira vez em muito tempo, a vontade de escrever lá. Mas escrever compartilhando as minhas opiniões, resenhas e afins eram fáceis, porém escrever minhas histórias não. Toda vez que iniciava/continuava um projeto a síndrome da impostora batia (e batia forte). Então eu fazia o que era possível... engavetar e esperar pelo momento em que isso fosse viável.
Hoje, quase 15 anos depois daquelas primeiras 3.000 palavras, eu me pergunto quando será possível? Eu sei que as minhas histórias precisam ser lidas. Eu sei que eu amo escrever. Eu sei que ao conversar com as minhas autoras favoritas na Bienal ou em tardes de autógrafos, algo queima em meu coração. E eu sei que o momento certo nunca vai aparecer por mágica.
Fazem 8 anos que participo do NaNoWriMo e metade deles tentei continuar aquela minha primeira ideia. Esse ano farei isso novamente. Neste ano não espero chegar as 50.000 palavras, espero apenas poder escrever e me reconectar com esse sonho. Espero sinceramente que você que está ai, do outro lado da tela, possa algum dia ler essa história. Espero que você possa me dizer: "isso era tudo o que eu precisava ler".
Sinceramente
Je
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